VINTE DOZES DE JUNHO...
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VINTE DOZES DE JUNHO...
Vinte dozes de junho
por Mauro Beting em 11.jun.2013 às 9:22h
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Não soube descrever o que foi 12 de junho de 1993 nem no livro que escrevi com Fernando Galuppo, pela BB Editora, que nesta quarta-feira dia 12 convido os amigos de credo e de cor e algumas dores para o lançamento. A partir de 19h30, na Academia Store, a loja oficial do Palmeiras, na Rua Augusta, 2078, em Bambis.
O livro que Evair Aparecido Paulino assina, e todos nós autografamos, e milhões assinamos embaixo: “Sociedade Esportiva Palmeiras 1993: O Fim do Jejum, o Início da Lenda”. Título que foi sugestão de Diógenes Sousa, mais um dos milhões do bando de porcos. Com espírito dessa vara.
Não soube mostrar o que foi 12 de junho de 1993 no filme que roteirizo e dirijo com Jaime Queiróz, pela Canal Azul. “12 de Junho de 1993 – o Dia da Paixão Palmeirense”, em breve nos cinemas e em DVD.
Não conseguirei descrever aqui o que foram os 4 a 0 contra o maior rival. Em uma atuação ruim da arbitragem que deveria ter expulsado Edmundo. Não poderia ter expulsado Tonhão. E não mudaria a história.
Como descreve Evair no livro: “Tínhamos cinco vitórias a mais que eles no Paulistão. Tínhamos perdido três jogos a menos que o nosso rival no campeonato. Fizemos mais gols, sofremos menos gols que eles. Pelos números do Datafolha, ficávamos mais tempo com a bola durante o Paulistão. Passávamos mais e melhor a pelota. Finalizávamos mais a gol. E com melhor pontaria. Desarmávamos mais. Cometíamos menos faltas que eles. Sofríamos mais faltas no campeonato.”
Era um time melhor. Mais forte. Campeão no dia de ser campeão. Não campeão de véspera. Ganhando na bola, não se perdendo pela boca.
Campeão como não vinha sendo Palmeiras desde 18 de agosto de 1976. Como voltou a ser Palmeiras em 12 de junho de 1993. Muito por ter sido Parmalat desde 26 de março de 1992. Muito pelos atletas da base e de alguns que já tinham chegado.
Já são 20 anos. Mais que os 16 anos da fila. Estes 20 parece que passaram muito rápido. Mais velozes que os 16 sem título. Os últimos tempos têm sido assim em todos os campos. A vida é mais agitada. Rápida. Não é calma como Evair no pênalti. Eu era menor. Bem menor. Mais jovem. Mais apressado. Mais crédulo.
Mas ainda não acredito na felicidade que foi aquilo. Como fomos campeões em 1974. Como seríamos em 1993. Como só mais 16 anos de fila de um e 22 do outro podem ser devolvidos.
Ninguém saiu da fila tão bem quanto o Palmeiras. Campeão do Rio-Bambis e do Brasil sem seguida, em 1993. Bi paulista e brasileiro em 1994. No meio disso o Verdão ajudando a Seleção a voltar a ganhar o mundo que não era nosso desde 1970.
Acabamos com todas as filas a partir de 1993.
Muito pelo moço de Crisólia a quem dediquei o título acima. Por quem escrevi meu décimo livro. Para quem escrevi o prefácio abaixo.
Por quem tudo. Porco!
EVAIR! ELE FOI.
Dezesseis anos e nove meses se passaram naqueles seis segundos entre o apito de José Aparecido de Oliveira e a bola ultrapassando a linha fatal do goleiro deles, o Wilson. (A frase que você acabou de ler levou o mesmo tempo que Evair Aparecido Paulino gastou para perceber a autorização do árbitro, correr para a bola, deslocar o goleiro deles, e entrar para a história).
Fosse um dos não poucos bagrecéfalos que infestaram o manto verde nos anos de fila, o palmeirense poderia, naqueles momentos, estar mais amargurado que aquela torcida que foi deixada na fila pelo Palmeiras, em 1974, e que, naquele 12 de junho de 1993, ajudava o rival figadal a sair do jejum de títulos para entrar na antologia.
Mas, não. Era Evair. Ele soltou o pé que por 18 vezes balançara a rede naquele Paulistão. Era um ritual esperado e sacramentado. Gol de pênalti de Evair. Três pontos finais. Nada mais natural, nada mais palmeirense. Mas, mesmo nas coisas mais simples e especiais, mais esperadas e consagradas, há uma emoção que não se consegue descrever. Não se consegue deter.
Tente você, palmeirense, lembrar daqueles seis segundos de 20 anos atrás. Tente imaginar o que você pensou – se pensou; o que chorou – como chorou; o que gritou – e como berrou, naquela bola que entrou no canto direito do gol, no lado esquerdo do peito. Se é que você, palmeirense, viu mesmo aquela bola entrar, lá no Morumbi; se é que você, palestrino na televisão, conseguiu olhar para aquela tela que tantas vezes amaldiçoou por 16 anos; se é que você, verde de ouvido no rádio, conseguiu ouvir alguma palavra metralhada na imaginação dos narradores; se é que você, palestrino como o meu pai, o velho Joelmir, que não tinha coração para ver e ouvir o jogo, com Mozart no fone de ouvido do quarto de casa, viu alguma coisa quando o matador matou o jogo, eles, e a fila.
Matador? Eu, como jornalista esportivo, palmeirense e gente de paz, não necessariamente nessa ordem, nunca gostei do termo. Mas o Evair cai como chuteira nessa acepção. Cirúrgico, preciso, eficiente, frio, disciplinado, objetivo, profissional, equilibrado, Evair fez da vida de jogador um filme. A história dele no Palmeiras é de cinema. Chegou quase como contra-peso de Careca Bianchezi, foi afastado sem motivo e sem razão por Nelsinho Batista (justamente o treinador deles, na decisão de 1993), esteve estourado na fase decisiva do campeonato. Mesmo baleado, o matador voltou à trincheira no duelo final.
Parece roteiro de novela mexicana. Mas é um clássico palmeirense de superação. “Boi, boi, boi, boi do Maranhão/ Viola artilheiro, Evair campeão”, pedia e gritava o palmeirense pelo Morumbi, por Bambis e pelo Brasil naquela gelada tarde de sábado, ótima para namorar, maravilhosa para amar a primeira paixão das nossas vidas.
Você não nasceu amando uma cidade, um país, um filme, uma canção, uma mulher, um político, um partido, um ator, um autor, um músico, um macarrão, um cigarro. Você cresceu amando a sua família. Você nasceu torcendo pelo seu time. Você pode trocar de partido, de político, de mulher, de sexo, de carro, de tudo – mas não troca de paixão. Você nasceu Palmeiras, vai morrer Palmeiras. Como meus filhos Luca e Gabriel. Como meu amor Silvana e minha filhota Manoela.
Evair, profissional da bola e do gol, é um que pode trocar de paixão pela vida que levou. E a vida o levou ao Palmeiras. E ele vai levar o Palmeiras da vida. Mas só quando em Crisólia resolver sair deste campo. Porque o palmeirense não vai deixar Evair sair de nossa vida.
Evair fez, naqueles seis segundos de 12 de junho de 1993, toda a vida verde valer a pena. Cada ano vazio dos 16 valeu por aqueles instantes de Palmeiras. Todas as derrotas do mundo, do Brasil e de Bambis acabaram valendo a pena só para que o palmeirense pudesse sair da fila contra eles. Obrigado, Guarani-78, XV de Jaú-85, Inter de Limeira-86, Bragantino-89, Ferroviária-90. Todos vocês nos ajudaram a ser o Palmeiras-93. A Via Láctea da Parmalat. O time de Evair.
Ele mal tinha condições de suportar 90 minutos. Ficou 101 em campo. Estará eternamente em nosso campo dos sonhos. Fora do time, Evair continuou com a alma no gramado, ali no fundo do campo, chutando cada bola como se fosse a última, como se fosse você, como se fosse eu, como se fosse o alviverde inteiro. Gritando para os adversários as mesmas palavras que qualquer torcedor urrava. Se é que ele e o palmeirense ainda tinham voz.
Evair não nasceu palmeirense. Mas virou palmeirense, como ele virou o palmeirense em 1993, como ele virou a nossa vida naqueles seis segundos. O time todo foi maravilhoso naquele jogo. De Sérgio a Zinho, o grande Zinho, de Antonio Carlos e César Sampaio, o enorme capitão com uma bola no tornozelo inchado, de você a eles, todos foram imensos. Campeões. Palmeirenses.
Mas nenhum foi Evair. Com todo o respeito a César, a Heitor, a Mazola, a Romeu Pelliciari, a Vavá, grandes craques de grandes gols, grandes craques-bandeiras, Evair é Evair. Basta.
Nenhum outro desses tantos mitos teve tanta pressão num só lance, num só chute. O empate era nosso. Se não saísse aquele gol, naquela hora, eles, os rivais, com dois a menos, não teriam mais pernas (os pés eles já não tinham desde antes da decisão). Outro minuto o Palmeiras faria o gol do título. Claro. Mas estava escrito naquela constelação: o gol do título, o gol da sagração, o gol da redenção, será daquele que irá levantar os braços, olhar para o céu, e agradecer a Ademir da Guia pela graça concedida.
Graça que veio, que viu, que venceu, que Evair! Um César imperador, como um herdeiro de César Lemos, o Maluco, o santo César que amava o sereno das madrugadas nas glórias das Academias do Palestra Itália.
Evair tanto sabia de bola, tanto sabia de gol, que fez questão, na corrida do título, na carreira de seu caminho para o panteão palmeirense, de olhar o tempo todo para o canto direito baixo, ou melhor, rasteiro, da meta deles. Evair não desgrudou o olho do canto onde chutou. Como se dissesse ao estádio que era nosso: “é aí que vou mandar a bola do campeonato; é aí que vai acabar o jejum; é aí que vai surgir o Palmeiras; é aí que não vai haver dúvida; é aí que vocês podem pular que não vão alcançar; é aí que a bola vai entrar; é aí que é o gol; é aí, Evair”.
Foi ali, Evair, no canto cantado com os olhos. O nove de todos os noves do Palmeiras deu nove passos até chutar a bola da vida. Todos eles com os olhos vidrados no canto onde bateu, no canto onde não estava Wilson, onde não esteve nenhum rival, onde só esteve o campeão.
Do impacto na bola até ela cruzar a linha foram uns 50 centésimos de segundos. As meias e os calções brancos sujos da lama da tarde, a camisa verde e branca limpa da bola brilhante jogada, a grama pisada por aquele time histórico, o choro histérico de uma arbitragem de fato discutível, mas… Um ponto, até as vítimas não discutem: o matador.
Evair bateu o pênalti. Não preciso contar o resto da história. Só preciso contar aos filhos e netos de Evair que ele ainda não sabe o que foi para o Palmeiras. O que é. O que será para sempre.
Obrigado, único matador que deu a vida.
Obrigado por, 20 anos depois, dar a estes dois palmeirenses-jornalistas (necessariamente nessa ordem) a honra e o prazer de ajudá-lo a reescrever esta história tão linda que parece ficção. A esta epopeia tão perfeita que parece Palestra. A esta história de amor no Dia dos Namorados tão maravilhosa que parece Palmeiras.
E foi.
E é.
Evair!
por Mauro Beting em 11.jun.2013 às 9:22h
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Não soube descrever o que foi 12 de junho de 1993 nem no livro que escrevi com Fernando Galuppo, pela BB Editora, que nesta quarta-feira dia 12 convido os amigos de credo e de cor e algumas dores para o lançamento. A partir de 19h30, na Academia Store, a loja oficial do Palmeiras, na Rua Augusta, 2078, em Bambis.
O livro que Evair Aparecido Paulino assina, e todos nós autografamos, e milhões assinamos embaixo: “Sociedade Esportiva Palmeiras 1993: O Fim do Jejum, o Início da Lenda”. Título que foi sugestão de Diógenes Sousa, mais um dos milhões do bando de porcos. Com espírito dessa vara.
Não soube mostrar o que foi 12 de junho de 1993 no filme que roteirizo e dirijo com Jaime Queiróz, pela Canal Azul. “12 de Junho de 1993 – o Dia da Paixão Palmeirense”, em breve nos cinemas e em DVD.
Não conseguirei descrever aqui o que foram os 4 a 0 contra o maior rival. Em uma atuação ruim da arbitragem que deveria ter expulsado Edmundo. Não poderia ter expulsado Tonhão. E não mudaria a história.
Como descreve Evair no livro: “Tínhamos cinco vitórias a mais que eles no Paulistão. Tínhamos perdido três jogos a menos que o nosso rival no campeonato. Fizemos mais gols, sofremos menos gols que eles. Pelos números do Datafolha, ficávamos mais tempo com a bola durante o Paulistão. Passávamos mais e melhor a pelota. Finalizávamos mais a gol. E com melhor pontaria. Desarmávamos mais. Cometíamos menos faltas que eles. Sofríamos mais faltas no campeonato.”
Era um time melhor. Mais forte. Campeão no dia de ser campeão. Não campeão de véspera. Ganhando na bola, não se perdendo pela boca.
Campeão como não vinha sendo Palmeiras desde 18 de agosto de 1976. Como voltou a ser Palmeiras em 12 de junho de 1993. Muito por ter sido Parmalat desde 26 de março de 1992. Muito pelos atletas da base e de alguns que já tinham chegado.
Já são 20 anos. Mais que os 16 anos da fila. Estes 20 parece que passaram muito rápido. Mais velozes que os 16 sem título. Os últimos tempos têm sido assim em todos os campos. A vida é mais agitada. Rápida. Não é calma como Evair no pênalti. Eu era menor. Bem menor. Mais jovem. Mais apressado. Mais crédulo.
Mas ainda não acredito na felicidade que foi aquilo. Como fomos campeões em 1974. Como seríamos em 1993. Como só mais 16 anos de fila de um e 22 do outro podem ser devolvidos.
Ninguém saiu da fila tão bem quanto o Palmeiras. Campeão do Rio-Bambis e do Brasil sem seguida, em 1993. Bi paulista e brasileiro em 1994. No meio disso o Verdão ajudando a Seleção a voltar a ganhar o mundo que não era nosso desde 1970.
Acabamos com todas as filas a partir de 1993.
Muito pelo moço de Crisólia a quem dediquei o título acima. Por quem escrevi meu décimo livro. Para quem escrevi o prefácio abaixo.
Por quem tudo. Porco!
EVAIR! ELE FOI.
Dezesseis anos e nove meses se passaram naqueles seis segundos entre o apito de José Aparecido de Oliveira e a bola ultrapassando a linha fatal do goleiro deles, o Wilson. (A frase que você acabou de ler levou o mesmo tempo que Evair Aparecido Paulino gastou para perceber a autorização do árbitro, correr para a bola, deslocar o goleiro deles, e entrar para a história).
Fosse um dos não poucos bagrecéfalos que infestaram o manto verde nos anos de fila, o palmeirense poderia, naqueles momentos, estar mais amargurado que aquela torcida que foi deixada na fila pelo Palmeiras, em 1974, e que, naquele 12 de junho de 1993, ajudava o rival figadal a sair do jejum de títulos para entrar na antologia.
Mas, não. Era Evair. Ele soltou o pé que por 18 vezes balançara a rede naquele Paulistão. Era um ritual esperado e sacramentado. Gol de pênalti de Evair. Três pontos finais. Nada mais natural, nada mais palmeirense. Mas, mesmo nas coisas mais simples e especiais, mais esperadas e consagradas, há uma emoção que não se consegue descrever. Não se consegue deter.
Tente você, palmeirense, lembrar daqueles seis segundos de 20 anos atrás. Tente imaginar o que você pensou – se pensou; o que chorou – como chorou; o que gritou – e como berrou, naquela bola que entrou no canto direito do gol, no lado esquerdo do peito. Se é que você, palmeirense, viu mesmo aquela bola entrar, lá no Morumbi; se é que você, palestrino na televisão, conseguiu olhar para aquela tela que tantas vezes amaldiçoou por 16 anos; se é que você, verde de ouvido no rádio, conseguiu ouvir alguma palavra metralhada na imaginação dos narradores; se é que você, palestrino como o meu pai, o velho Joelmir, que não tinha coração para ver e ouvir o jogo, com Mozart no fone de ouvido do quarto de casa, viu alguma coisa quando o matador matou o jogo, eles, e a fila.
Matador? Eu, como jornalista esportivo, palmeirense e gente de paz, não necessariamente nessa ordem, nunca gostei do termo. Mas o Evair cai como chuteira nessa acepção. Cirúrgico, preciso, eficiente, frio, disciplinado, objetivo, profissional, equilibrado, Evair fez da vida de jogador um filme. A história dele no Palmeiras é de cinema. Chegou quase como contra-peso de Careca Bianchezi, foi afastado sem motivo e sem razão por Nelsinho Batista (justamente o treinador deles, na decisão de 1993), esteve estourado na fase decisiva do campeonato. Mesmo baleado, o matador voltou à trincheira no duelo final.
Parece roteiro de novela mexicana. Mas é um clássico palmeirense de superação. “Boi, boi, boi, boi do Maranhão/ Viola artilheiro, Evair campeão”, pedia e gritava o palmeirense pelo Morumbi, por Bambis e pelo Brasil naquela gelada tarde de sábado, ótima para namorar, maravilhosa para amar a primeira paixão das nossas vidas.
Você não nasceu amando uma cidade, um país, um filme, uma canção, uma mulher, um político, um partido, um ator, um autor, um músico, um macarrão, um cigarro. Você cresceu amando a sua família. Você nasceu torcendo pelo seu time. Você pode trocar de partido, de político, de mulher, de sexo, de carro, de tudo – mas não troca de paixão. Você nasceu Palmeiras, vai morrer Palmeiras. Como meus filhos Luca e Gabriel. Como meu amor Silvana e minha filhota Manoela.
Evair, profissional da bola e do gol, é um que pode trocar de paixão pela vida que levou. E a vida o levou ao Palmeiras. E ele vai levar o Palmeiras da vida. Mas só quando em Crisólia resolver sair deste campo. Porque o palmeirense não vai deixar Evair sair de nossa vida.
Evair fez, naqueles seis segundos de 12 de junho de 1993, toda a vida verde valer a pena. Cada ano vazio dos 16 valeu por aqueles instantes de Palmeiras. Todas as derrotas do mundo, do Brasil e de Bambis acabaram valendo a pena só para que o palmeirense pudesse sair da fila contra eles. Obrigado, Guarani-78, XV de Jaú-85, Inter de Limeira-86, Bragantino-89, Ferroviária-90. Todos vocês nos ajudaram a ser o Palmeiras-93. A Via Láctea da Parmalat. O time de Evair.
Ele mal tinha condições de suportar 90 minutos. Ficou 101 em campo. Estará eternamente em nosso campo dos sonhos. Fora do time, Evair continuou com a alma no gramado, ali no fundo do campo, chutando cada bola como se fosse a última, como se fosse você, como se fosse eu, como se fosse o alviverde inteiro. Gritando para os adversários as mesmas palavras que qualquer torcedor urrava. Se é que ele e o palmeirense ainda tinham voz.
Evair não nasceu palmeirense. Mas virou palmeirense, como ele virou o palmeirense em 1993, como ele virou a nossa vida naqueles seis segundos. O time todo foi maravilhoso naquele jogo. De Sérgio a Zinho, o grande Zinho, de Antonio Carlos e César Sampaio, o enorme capitão com uma bola no tornozelo inchado, de você a eles, todos foram imensos. Campeões. Palmeirenses.
Mas nenhum foi Evair. Com todo o respeito a César, a Heitor, a Mazola, a Romeu Pelliciari, a Vavá, grandes craques de grandes gols, grandes craques-bandeiras, Evair é Evair. Basta.
Nenhum outro desses tantos mitos teve tanta pressão num só lance, num só chute. O empate era nosso. Se não saísse aquele gol, naquela hora, eles, os rivais, com dois a menos, não teriam mais pernas (os pés eles já não tinham desde antes da decisão). Outro minuto o Palmeiras faria o gol do título. Claro. Mas estava escrito naquela constelação: o gol do título, o gol da sagração, o gol da redenção, será daquele que irá levantar os braços, olhar para o céu, e agradecer a Ademir da Guia pela graça concedida.
Graça que veio, que viu, que venceu, que Evair! Um César imperador, como um herdeiro de César Lemos, o Maluco, o santo César que amava o sereno das madrugadas nas glórias das Academias do Palestra Itália.
Evair tanto sabia de bola, tanto sabia de gol, que fez questão, na corrida do título, na carreira de seu caminho para o panteão palmeirense, de olhar o tempo todo para o canto direito baixo, ou melhor, rasteiro, da meta deles. Evair não desgrudou o olho do canto onde chutou. Como se dissesse ao estádio que era nosso: “é aí que vou mandar a bola do campeonato; é aí que vai acabar o jejum; é aí que vai surgir o Palmeiras; é aí que não vai haver dúvida; é aí que vocês podem pular que não vão alcançar; é aí que a bola vai entrar; é aí que é o gol; é aí, Evair”.
Foi ali, Evair, no canto cantado com os olhos. O nove de todos os noves do Palmeiras deu nove passos até chutar a bola da vida. Todos eles com os olhos vidrados no canto onde bateu, no canto onde não estava Wilson, onde não esteve nenhum rival, onde só esteve o campeão.
Do impacto na bola até ela cruzar a linha foram uns 50 centésimos de segundos. As meias e os calções brancos sujos da lama da tarde, a camisa verde e branca limpa da bola brilhante jogada, a grama pisada por aquele time histórico, o choro histérico de uma arbitragem de fato discutível, mas… Um ponto, até as vítimas não discutem: o matador.
Evair bateu o pênalti. Não preciso contar o resto da história. Só preciso contar aos filhos e netos de Evair que ele ainda não sabe o que foi para o Palmeiras. O que é. O que será para sempre.
Obrigado, único matador que deu a vida.
Obrigado por, 20 anos depois, dar a estes dois palmeirenses-jornalistas (necessariamente nessa ordem) a honra e o prazer de ajudá-lo a reescrever esta história tão linda que parece ficção. A esta epopeia tão perfeita que parece Palestra. A esta história de amor no Dia dos Namorados tão maravilhosa que parece Palmeiras.
E foi.
E é.
Evair!
Danilo V. Maria- Olivia Palito
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Re: VINTE DOZES DE JUNHO...
MAIS UM PARA A TORCIDA RETRO PIRAR
RIXARD- Popeye
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Re: VINTE DOZES DE JUNHO...
RIXARD escreveu:MAIS UM PARA A TORCIDA RETRO PIRAR
É O QUE TEM PRA HJ...
Danilo V. Maria- Olivia Palito
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Re: VINTE DOZES DE JUNHO...
Vieram títulos maiores, mas nada supera 12 de junho de 1993, nem superará e me perdoe São Marcos, nenhum jogador ocupa o espaço de idolatria que eu tenho pelo Evair, felizmente ano passado pude agradecê-lo pessoalmente, num jogo amistoso que ele veio fazer aqui na minha cidade, ele respondeu: - Não precisa agradecer, foi uma honra!
SUINO- Brutus
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Re: VINTE DOZES DE JUNHO...
SUINO escreveu:Vieram títulos maiores, mas nada supera 12 de junho de 1993, nem superará e me perdoe São Marcos, nenhum jogador ocupa o espaço de idolatria que eu tenho pelo Evair, felizmente ano passado pude agradecê-lo pessoalmente, num jogo amistoso que ele veio fazer aqui na minha cidade, ele respondeu: - Não precisa agradecer, foi uma honra!
Exatamente, ele foi maior responsável por eu ter visto meu primeiro título e em cima do maior rival depois de tantos anos torcedores rivais cantarem parabéns pelo numero de fila...
Esse título nos faz recordar de tudo que passamos e fizemos durante a semana do jogo. E me traz uma lembrança gostosa da minha finada mãe que me levou no jogo e abraçados chorávamos emocionados logo após o gol do Evair...
Danilo V. Maria- Olivia Palito
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Re: VINTE DOZES DE JUNHO...
Acho o Mauro Betting chato pra caralho. E os textos dele acho todos uma bosta.
Danilo Kamada- Popeye
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Re: VINTE DOZES DE JUNHO...
SUINO escreveu:Vieram títulos maiores, mas nada supera 12 de junho de 1993, nem superará e me perdoe São Marcos, nenhum jogador ocupa o espaço de idolatria que eu tenho pelo Evair, felizmente ano passado pude agradecê-lo pessoalmente, num jogo amistoso que ele veio fazer aqui na minha cidade, ele respondeu: - Não precisa agradecer, foi uma honra!
Tio Suíno..........Evair é um cara humilde......foi um excelente profissional......
Mas uma pessoa simpática que eu conversei por alguns minutos foi o Leivinha
Agora, o jogador que eu faria questão de conhecer pessoalmente seria o Alex....esse foi meu grande idolo com a camisa do Palmeiras.
Denilson MAV- Popeye
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Re: VINTE DOZES DE JUNHO...
Evair é o maior de todos, simples.
Paulo Hetfield- Brutus
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Re: VINTE DOZES DE JUNHO...
RIXARD escreveu:MAIS UM PARA A TORCIDA RETRO PIRAR
EU SOU UM DESSES, IMPOSSIVEL ESQUECER ESSE DIA
xiquento- Popeye
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Localização : SÃO BERNARDO DO CAMPO
Re: VINTE DOZES DE JUNHO...
Paulo Hetfield escreveu:Evair é o maior de todos, simples.
MERECIA TER IDO À COPA EM 1994. FOI PRETERIDO PELA BOSTA DO VIOLA...
Danilo V. Maria- Olivia Palito
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Re: VINTE DOZES DE JUNHO...
Danilo V. Maria escreveu:Paulo Hetfield escreveu:Evair é o maior de todos, simples.
MERECIA TER IDO À COPA EM 1994. FOI PRETERIDO PELA BOSTA DO VIOLA...
Ele entrou no lugar do Careca contra a Venezuela pelas eliminatórias no Mineirão e meteu gol inclusive, aí pro jogo contra o Uruguai o Romário voltou e não chamaram mais o Matador, concordo que tinha que ter ido no lugar do Viola, assim como o Edmundo no lugar do Paulo Sérgio, seriam dois reservas muito mais úteis.
SUINO- Brutus
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Localização : Ribeirão Pires-SP
Re: VINTE DOZES DE JUNHO...
A imprensa foi FDP com o Evair. Ficavam chamando ele e o Valdeir do ataque "The turtle" and "The flash", falavam que o Evair era muito lento. Tinha sim que ter ido pra Copa em 94, e no lugar foram os Gambas Paulo Sergio e Viola. Vai tomar no cu, puta injustica.SUINO escreveu:Danilo V. Maria escreveu:Paulo Hetfield escreveu:Evair é o maior de todos, simples.
MERECIA TER IDO À COPA EM 1994. FOI PRETERIDO PELA BOSTA DO VIOLA...
Ele entrou no lugar do Careca contra a Venezuela pelas eliminatórias no Mineirão e meteu gol inclusive, aí pro jogo contra o Uruguai o Romário voltou e não chamaram mais o Matador, concordo que tinha que ter ido no lugar do Viola, assim como o Edmundo no lugar do Paulo Sérgio, seriam dois reservas muito mais úteis.
rcapasso- Olivia Palito
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Re: VINTE DOZES DE JUNHO...
Danilo Kamada escreveu:Acho o Mauro Betting chato pra caralho. E os textos dele acho todos uma bosta.
BOM SÃO OS TEXTOS DO SEO CRUZ NÉ?
xiquento- Popeye
- Mensagens : 2849
Data de inscrição : 17/02/2012
Idade : 59
Localização : SÃO BERNARDO DO CAMPO
Re: VINTE DOZES DE JUNHO...
RISSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSxiquento escreveu:Danilo Kamada escreveu:Acho o Mauro Betting chato pra caralho. E os textos dele acho todos uma bosta.
BOM SÃO OS TEXTOS DO SEO CRUZ NÉ?
Paulo Hetfield- Brutus
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Data de inscrição : 17/02/2012
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Re: VINTE DOZES DE JUNHO...
A maior lembrança que tenho do jogo foi na hora da cobrança do pênalti do Evair: todos os Palmeirenses presentes no estádio se abraçando em oração para aquela bola entrar. Simplesmente emocionante e inesquecível. Lembra mestre Xixi ?????
marcos_imirim- Olivia Palito
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Re: VINTE DOZES DE JUNHO...
xiquento escreveu:RIXARD escreveu:MAIS UM PARA A TORCIDA RETRO PIRAR
EU SOU UM DESSES, IMPOSSIVEL ESQUECER ESSE DIA
Impossível mesmo caro Henrique.
Com direito a ir para o estádio de Opalão Comodoro.
E na volta trombar com a gambazada quebrando vidros de carro no Piraporinha.
Até a chegada triunfal na rua do tio João lá no Nazaré. Festa total !!!!
marcos_imirim- Olivia Palito
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Re: VINTE DOZES DE JUNHO...
marcos_imirim escreveu:A maior lembrança que tenho do jogo foi na hora da cobrança do pênalti do Evair: todos os Palmeirenses presentes no estádio se abraçando em oração para aquela bola entrar. Simplesmente emocionante e inesquecível. Lembra mestre Xixi ?????
LEMBRO SIM MARCÃO, LEMBRO TB Q NÃO VI O PENALTI, PQ ESTAVA DE COSTAS
xiquento- Popeye
- Mensagens : 2849
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Localização : SÃO BERNARDO DO CAMPO
Re: VINTE DOZES DE JUNHO...
Hoje é dia de se emocionar o dia inteiro, inesquecível.
Paulo Hetfield- Brutus
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Data de inscrição : 17/02/2012
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Re: VINTE DOZES DE JUNHO...
Essa hora, 12:00 já tava indo pra gaiola, aliás nem tinha dormido de tanta ansiedade, puta que pariu como todas as lembranças voltam, sou um palmeirense retrô assumido.
SUINO- Brutus
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Data de inscrição : 22/02/2013
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Re: VINTE DOZES DE JUNHO...
Quem não é Suíno?
Vimos aquela seleção e agora temos que aguentar isso.
Vimos aquela seleção e agora temos que aguentar isso.
Paulo Hetfield- Brutus
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Re: VINTE DOZES DE JUNHO...
Paulo Hetfield escreveu:Quem não é Suíno?
Vimos aquela seleção e agora temos que aguentar isso.
Pode crer Paulo, o palmeirense que viveu aquele dia nunca esquecerá, o vídeo do globo.com tá foda, não chore se for capaz!
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/palmeiras/noticia/2013/06/no-morumbi-evair-repete-passos-de-93-meu-gol-de-penalti-mais-bonito.html
SUINO- Brutus
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Re: VINTE DOZES DE JUNHO...
Edmundo, Evair e Sérgio no Neto gambá agora.
SUINO- Brutus
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Idade : 52
Localização : Ribeirão Pires-SP
Re: VINTE DOZES DE JUNHO...
Eu vivi esse dia e nao esquecerei. Mas sinceramente, hoje nao temos o que comemorar. Chega a ser ridiculo o que os responsaveis pela pagina oficial do Palmeiras esta fazendo no Facebook.
leandro.batista- Gugu
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Data de inscrição : 22/02/2013
Re: VINTE DOZES DE JUNHO...
O tempo voa hein cambada...bons tempos aquele. E nao me refiro so a futebol nao.
Normalmente, sou muito calmo vendo jogos de futebol. Nego aqui ia odiar assistir futebol comigo. Uma das poucas ocasioes que fiquei inquieto foi essa. Nao tem como esquecer, lembro do frio de cao que fazia em SP naquele dia, que assisti o jogo sozinho, que celebrei sozinho tambem. Preferi ficar sozinho naquele dia: meu pai nao eh muito chegado em futebol e meus colegas de classe torciam para outros times, em sua grande maioria.
Nao tem como esquecer. Lembro que contava os minutos agoniado, antes do Zinho marcar 1 a 0. A partir dai, sabia que esse seria o nosso dia. O dia em que, entao com 16 anos recem-cumpridos, ia finalmente ver o Palmeiras campeao.
E quem diria que hoje, 20 anos depois, o Palmeiras virou um time sem-vergonha de Serie B. O que fizeram com voce, Palmeiras...
Normalmente, sou muito calmo vendo jogos de futebol. Nego aqui ia odiar assistir futebol comigo. Uma das poucas ocasioes que fiquei inquieto foi essa. Nao tem como esquecer, lembro do frio de cao que fazia em SP naquele dia, que assisti o jogo sozinho, que celebrei sozinho tambem. Preferi ficar sozinho naquele dia: meu pai nao eh muito chegado em futebol e meus colegas de classe torciam para outros times, em sua grande maioria.
Nao tem como esquecer. Lembro que contava os minutos agoniado, antes do Zinho marcar 1 a 0. A partir dai, sabia que esse seria o nosso dia. O dia em que, entao com 16 anos recem-cumpridos, ia finalmente ver o Palmeiras campeao.
E quem diria que hoje, 20 anos depois, o Palmeiras virou um time sem-vergonha de Serie B. O que fizeram com voce, Palmeiras...
Dick Vigarista- Gugu
- Mensagens : 460
Data de inscrição : 27/02/2013
Re: VINTE DOZES DE JUNHO...
SUINO escreveu:Danilo V. Maria escreveu:Paulo Hetfield escreveu:Evair é o maior de todos, simples.
MERECIA TER IDO À COPA EM 1994. FOI PRETERIDO PELA BOSTA DO VIOLA...
Ele entrou no lugar do Careca contra a Venezuela pelas eliminatórias no Mineirão e meteu gol inclusive, aí pro jogo contra o Uruguai o Romário voltou e não chamaram mais o Matador, concordo que tinha que ter ido no lugar do Viola, assim como o Edmundo no lugar do Paulo Sérgio, seriam dois reservas muito mais úteis.
Concordo que o Evair era muito, muito mais jogador do que o Viola. Alias, o Viola so teve seus 15 minutos de fama (literalmente) naquela prorrogacao contra a Italia, depois nunca mais ...
Jah o Edmundo se queimou apos uma discussao com o Luxa. Foi num jogo contra o bambi no Pacaembu pela Libertadores de 1994. Eu estava no estadio nesse dia, o Palmeiras jogou muito melhor, mas o Zetti fechou o gol delas. Faltando uns 15 minutos, o Edmundo foi substituido pelo Edilson e fez gestos para o Luxa. Entao, foi afastado pelo Madureira, justamente pouco antes da convocacao. Lembra que nos jogos finais daquele Paulista, o Animal nem jogou por estar afastado. Mas de maneira geral, o Edmundo poderia ter feito muito mais pela selecao. Em 1998, por exemplo, ele estava no auge, mas o Zagallo insistia com o Bebeto de titular.
Dick Vigarista- Gugu
- Mensagens : 460
Data de inscrição : 27/02/2013
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